segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O brilhante "Cândido ou O Otimismo"

Nem sempre ler livros que foram escritos séculos atrás, em que a linguagem está à anos-luz distante da nossa atual realidade é fácil e normalmente pouco atraente. Principalmente para os jovens de hoje que nem gostam de ler. Mas se há um clássico digno de ser lido é este: "Cândido ou O Otimismo" de Voltaire, um pensador iluminista que todos ouvem falar na sétima série. O texto contrapõe brilhantemente ingenuidade e esperteza, desprendimento e ganância, caridade e egoísmo, delicadeza e violência, amor e ódio. Tendo como plano de fundo a sociedade do Séc. XVIII, retrata um mundo extremamente cruel e materialista.


Muitos dos personagens do romance passam pelas mais diversas torturas físicas e psíquicas. De qualquer modo, Voltaire também apresenta uma sociedade utópica, quando Cândido e seu criado Cacambo vão à cidade de Eldorado, um lugar místico na América do Sul, onde havia muito ouro e pedras preciosas, mas ninguém se importava com toda essa riqueza. Eles deixam esse belo lugar para procurar Cunegundes até que Cândido consegue encontrá-la em Constantinopla (atual Istambul), na Turquia.


Há uma segunda parte no romance, muito menos conhecida, em que Cândido deixa o jardim na Turquia. Após muitas aventuras e seu casamento com uma outra mulher, ele fica na Dinamarca, e alcança uma alta posição na corte real.


Sarcástico, Voltaire leva o ingênuo protagonista Cândido a debater consigo mesmo o preceito de que estamos no "melhor dos mundos possíveis", através de uma série de aventuras que dramaticamente fazem o protagonista contestar o ensinamento ao qual tanto se apegava. O romance satiriza as interpretações ingênuas da filosofia de Gottfried Leibniz que oferecem motivos para não "enxergar" os horrores do mundo no Séc. XVIII. Em Cândido, Leibniz é representado pelo filósofo Pangloss, o mestre do personagem principal. Apesar de enfrentar uma série de infortúnios e desventuras, Pangloss afirma veementemente que "É tudo para o melhor no melhor dos mundos possíveis". O romance encerra com Cândido finalmente contestando o otimismo exposto por Pangloss, dizendo "É necessário cultivar o nosso jardim".


Por que lê-lo? Bem, em Cândido vemos uma construção crítica muito inteligente e o sarcasmo de Voltaire é engraçado na medida que vemos as mais diversas tragédias sobrevirem os personagens. Quem já leu Cândido com certeza já parou para pensar se, realmente, o modo como encaramos as coisas faz a diferença. Digo isso por experiência própria.




Por, Mayara Lange de Paula.

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